Francisco Fanhais
by Marius70
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Francisco Fanhais nasceu na Praia do Ribatejo a 17 de Maio de 1941. Com dez anos vai para os seminários de Almada e Olivais, onde termina o curso de Teologia. Em 1964 é ordenado padre e em 1969, como professor de Moral começa a interessar-se sobre a realidade à sua volta. As aulas eram no Barreiro, terra onde ele conhece José Afonso que o incentivará a cantar contra o regime. Participa no programa de Televisão ”Zip-Zip” e grava o seu primeiro disco intitulado ”Cantilenas”. Em 1970 grava e edita o seu disco ”Canções da Cidade Nova”, com arranjos de Thilo Krassman. As músicas deste disco são de sua autoria e as letras de consagrados poetas, como Sophia de Mello Breyner, Manuel Alegre e António Aleixo. ”Cantata de Paz”, com letra de Sophia e o famoso refrão ”Vemos, Ouvimos e Lemos, Não Podemos Ignorar”, torna-se um dos hinos de resistência ao regime derrubado em Abril de 74. Deste disco fazem ainda parte outros temas, tais como ”Quadras do Poeta Aleixo”, ”Porque”, ”Canto do Ceifeiro” e ”Canção da Cidade Nova”. Esta última canção, com poema de Francisco Melro, é inspirada num tema bíblico. A música de Fanhais é uma música simples, mas eficaz , na senda dos "baladeiros", movimento a que ficaram associados muitos dos cantores que usavam a canção para denunciar as injustiças. José Afonso escreve uma ”Dedicatória” na contracapa do LP, que reza assim: ”Tu que cantas, Defronte,De faces atentas, e Seguras, Faz do teu Canto, Uma funda, Nesse lugar, Entre outras mãos mais fortes, E mais duras, Te estenderei, A Minha mão fraterna. Canta Amigo”. Este disco seria reeditado em CD, no ano de 1998 e o seu título seria alterado para ”Dedicatória”, com o manuscrito da dedicatória de José Afonso a servir de capa. Em 1971, Fanhais parte para França, porque estava proibido de cantar, de exercer o sacerdócio e de leccionar nas escolas oficiais. Torna-se militante da LUAR e só regressa a Portugal após o 25 de Abril de 74. Em 1975 colabora nas campanhas de dinamização cultural do MFA, juntamente com José Afonso e outros cantores e participa na gravação do disco ”República”, gravado ao vivo por José Afonso, na Itália, disco esse que é uma das maiores raridades no panorama discográfico português. |